Este
projeto tem por base principal, não uma vasta revisão bibliográfica, mas a
experiência dos autores em arte-educação. Com o entendimento de que estamos em
constante aprendizado, para embasar as aulas, além da experiência da autora,
está sendo utilizado o livro Arte, Afeto e Educação: a sensibilidade na
ação pedagógica.
Tal
livro foi escolhido dado alinhamento entre a temática da autora com o conteúdo
desenvolvido por Marly Meira e Sylvia Pillotto. Destaca-se, aqui, parte do
conteúdo do capítulo 3 – desdobramentos na sala de aula (p.39 – 41).
“Como
fazer um amigo em sala de aula? Como reelaborar o valor dos afetos nas práticas
cotidianas de relação com abstrações e concretudes? Como incluir o respeito à
sensibilidade no fazer pedagógico? Este é um desafio para o campo da arte, mas
igualmente para a educação.
Como
testemunho de uma prática, aquilo que dizemos pode soar falso ou não, sem
revelar em palavras um ressonância afetiva. Especialmente se tratamos do tema
afetividade na interface da arte com a educação. Geralmente nos apropriamos de
discursos da área da ciência e da tecnologia para relacionar o afeto a uma
necessidade racional, ou uma verdade autorizada por um outro, sem escutar nosso
próprio sentimento acerca do que queremos comunicar.
(...)
A
educação é o lugar em que tal desafio pode ser enfrentado embora os currículos
ainda apresentem tratamento desigual entre pensamento poético e pensamento
matemático, as duas polaridades que ainda não encontraram sua interface nas
relações entre educação, arte e cultura.
Em
educação, as aulas de artes são locais de trabalho pedagógico, articulação de
acervo teórico-reflexivo com discursos, imagens e práticas, nas quais emerge o
potencial criativo tanto do professor quanto do estudante e da experiência de
que estão se apropriando para ampliar suas potencialidades.
É
preciso, portanto, desviar-se dos impedimentos sociais tanto quanto dos
pessoais para deixar a criação fluir das interações. A prática evidencia que é
preciso concentração, meditação e controle sobre os meios, e os afetos
interferem, facilitando ou dificultando estas atitudes. São formas de avaliação
vivenciais e ao mesmo tempo pesquisa e experimentação que irão plantar e nutrir
comportamentos de apreciação, de interesse e gosto pela experiência, além de
desenvolver habilidades de articulação estética entre arte e vida.
Nós,
professores, sabemos que o encontro em aula é pontual para diversificar formas
de relacionamento, assim como para preservar aqueles que, originados no âmbito
artístico, poderão desdobrar-se como universo crítico e sensível a ser agregado
a outros campos de experiência. Uma experiência pedagógica, sendo criadora,
gera repercussões, contamina e motiva a convergência de parcerias dentro e fora
da escola podendo ser tanto factuais quanto teóricas e reflexivas.
As
imagens mentais podem ser um modo de inscrever o tempo nas práticas cotidianas,
nas relações pedagógicas, na maneira de tratar os afetos. As diversas
modalidades de montagem são modos de criar, ainda que indiretamente, o
impalpável das situações, dos objetos, corpos e seres. Modos de expor as coisas
ao sentido de duração, em que passado, presente e devir podem encontrar-se
condensados numa forma de ação. A imagem mental é, sobretudo, válida pelo que
faz agir, pelo movimento que desencadeia, justamente por ser indizível na
natureza, o modo como emerge de um fato criador.
(...)
Professor
e estudantes estão habituados a trabalhar com modelos pedagógicos lineares em
detrimento dos não lineares – da teoria da complexidade, e essa é uma das
razões da dificuldade para compreender todas as implicações da dinâmica em rede
de significações. O pensamento humano, juntamente com os processos emocionais,
afetivos, intuitivos, emotivos, criativos e perceptivos, faz parte dessa rede
que compõe os elementos sensíveis e racionais, culminando no conhecimento e na
complexidade do todo.”
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