segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Referência em Educação



Este projeto tem por base principal, não uma vasta revisão bibliográfica, mas a experiência dos autores em arte-educação. Com o entendimento de que estamos em constante aprendizado, para embasar as aulas, além da experiência da autora, está sendo utilizado o livro Arte, Afeto e Educação: a sensibilidade na ação pedagógica.
Tal livro foi escolhido dado alinhamento entre a temática da autora com o conteúdo desenvolvido por Marly Meira e Sylvia Pillotto. Destaca-se, aqui, parte do conteúdo do capítulo 3 – desdobramentos na sala de aula (p.39 – 41).
“Como fazer um amigo em sala de aula? Como reelaborar o valor dos afetos nas práticas cotidianas de relação com abstrações e concretudes? Como incluir o respeito à sensibilidade no fazer pedagógico? Este é um desafio para o campo da arte, mas igualmente para a educação.
Como testemunho de uma prática, aquilo que dizemos pode soar falso ou não, sem revelar em palavras um ressonância afetiva. Especialmente se tratamos do tema afetividade na interface da arte com a educação. Geralmente nos apropriamos de discursos da área da ciência e da tecnologia para relacionar o afeto a uma necessidade racional, ou uma verdade autorizada por um outro, sem escutar nosso próprio sentimento acerca do que queremos comunicar.
(...)
A educação é o lugar em que tal desafio pode ser enfrentado embora os currículos ainda apresentem tratamento desigual entre pensamento poético e pensamento matemático, as duas polaridades que ainda não encontraram sua interface nas relações entre educação, arte e cultura.
Em educação, as aulas de artes são locais de trabalho pedagógico, articulação de acervo teórico-reflexivo com discursos, imagens e práticas, nas quais emerge o potencial criativo tanto do professor quanto do estudante e da experiência de que estão se apropriando para ampliar suas potencialidades.
É preciso, portanto, desviar-se dos impedimentos sociais tanto quanto dos pessoais para deixar a criação fluir das interações. A prática evidencia que é preciso concentração, meditação e controle sobre os meios, e os afetos interferem, facilitando ou dificultando estas atitudes. São formas de avaliação vivenciais e ao mesmo tempo pesquisa e experimentação que irão plantar e nutrir comportamentos de apreciação, de interesse e gosto pela experiência, além de desenvolver habilidades de articulação estética entre arte e vida.
Nós, professores, sabemos que o encontro em aula é pontual para diversificar formas de relacionamento, assim como para preservar aqueles que, originados no âmbito artístico, poderão desdobrar-se como universo crítico e sensível a ser agregado a outros campos de experiência. Uma experiência pedagógica, sendo criadora, gera repercussões, contamina e motiva a convergência de parcerias dentro e fora da escola podendo ser tanto factuais quanto teóricas e reflexivas.
As imagens mentais podem ser um modo de inscrever o tempo nas práticas cotidianas, nas relações pedagógicas, na maneira de tratar os afetos. As diversas modalidades de montagem são modos de criar, ainda que indiretamente, o impalpável das situações, dos objetos, corpos e seres. Modos de expor as coisas ao sentido de duração, em que passado, presente e devir podem encontrar-se condensados numa forma de ação. A imagem mental é, sobretudo, válida pelo que faz agir, pelo movimento que desencadeia, justamente por ser indizível na natureza, o modo como emerge de um fato criador.
(...)
Professor e estudantes estão habituados a trabalhar com modelos pedagógicos lineares em detrimento dos não lineares – da teoria da complexidade, e essa é uma das razões da dificuldade para compreender todas as implicações da dinâmica em rede de significações. O pensamento humano, juntamente com os processos emocionais, afetivos, intuitivos, emotivos, criativos e perceptivos, faz parte dessa rede que compõe os elementos sensíveis e racionais, culminando no conhecimento e na complexidade do todo.”

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